Um dia um gafanhoto andava a gafanhotar quando deu de antenas com uma rádio. Ao ouvir aquela valsa, quem sabe o que lhe passou pela cabeça? Ninguém, é quem. Saltou e dançou e voltou a saltar o mais alto que conseguia. Saltou por cima de uma flor, saltou por cima de uma poça, saltou por cima de uma pedra e quando voltou a cruzar os céus na vertical, tudo mudou.
Lubélia era uma libelinha. Tinha muitas asas, mas era da última, do lado direito, que mais gostava. Quando pequena, um melro tentou levá-la como refeição e tudo o que conseguiu foi machucar a sua asa traseira.
Lubélia, a libelinha, todas as manhãs planava pelos planaltos onde nascera, via os pássaros nas árvores a passar fome e as flores a dançar ao vento. Naquela manhã tudo mudou.
As flores dançavam a valsa e o vento, sozinho, chorava. Contente por gostar de dançar, o vento aperaltou-se naquele dia e nesse dia chorou. As flores já não dançavam a sua música.
Pum!
A cabeça da Lubélia bateu em algo.
Pum!
O gafanhoto caia ao chão.
Chocaram um com o outro e nesse mesmo dia casaram porque a lei da floresta diz: quem sozinho passeia, sempre se apaixona por que sozinho dança. E é amor à primeira vista.
Casaram e tiveram muitos filhos. Libelotos.
Quando os libelotos cresceram, inventaram um jogo que só os totós jogavam.
Chamaram-lhe totoloto.
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